Desenvolvimento de formulações de Spodoptera frugiperda multiple nucleopolyhedrovirus (SfMNPV): efeito da radiação ultravioleta, do armazenamento e do substrato alimentar

Nome: CARLOS EDUARDO COSTA PAIVA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 23/10/2019
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
HUGO BOLSONI ZAGO Co-orientador
HUGO JOSÉ GONÇALVES DOS SANTOS JUNIOR Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANDRÉ DA SILVA XAVIER Examinador Interno
FERNANDO HERCOS VALICENTE Examinador Externo
HUGO BOLSONI ZAGO Coorientador
HUGO JOSÉ GONÇALVES DOS SANTOS JUNIOR Orientador
JOSÉ ROMÁRIO DE CARVALHO Examinador Externo

Páginas

Resumo: Crescente é o interesse da indústria na fabricação de inseticidas microbianos, inclusive de formulados à base de Spodoptera frugiperda multiple nucleopolyhedrovirus (SfMNPV), que é eficiente para controlar a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda J. E. Smith (Lepidoptera: Noctuidae). Contudo, como fatores limitantes à produção de bioinseticidas à base de baculovírus estão o alto custo de produção e a rápida inativação pela radiação ultravioleta (UV), que reduz a persistência dos vírus no campo e, consequentemente, a eficiência dos formulados. Além disso, a eficiência destes formulados é influenciada pelo substrato alimentar. Os trabalhos foram divididos em três tipos de bioensaios, com objetivos distintos: no primeiro, objetivou-se a formulação de SfMNPV e a avaliação da patogenicidade e virulência destas formulações, sobre lagartas S. frugiperda, e o armazenamento por 12 meses em ambiente não controlado, ou seja, sem o controle de temperatura, umidade e fotoperíodo; no segundo, estudou-se os efeitos da radiação ultravioleta (UV) sobre a qualidade destas formulações; e, no terceiro, a viabilidade da aplicação do vírus SfMNPV para controlar lagartas S. frugiperda alimentadas com folhas de mandioca. No primeiro estudo foram avaliadas nove formulações de SfMNPV, seis na forma de pó molhável (PM) e três na forma de óleo emulsionável (OE), que foram comparadas entre si e com um formulado comercial. Os materiais inertes avaliados foram: caulinita; argila comercial (solo argiloso); amido de milho; coloral (corante de urucum); argila comercial + amido de milho (5%) + coloral (5%); fubá; e, óleo de milho. No caso das formulações OE, todas foram elaboradas com óleo de milho (50% da formulação), mas, houve um tratamento no qual foi adicionado apenas o óleo de milho, um tratamento no qual foi adicionado óleo essencial de urucum (5% da formulação) e outro no qual foram adicionados os óleos essenciais de urucum e de copaíba (5% e 0,5% da formulação, respectivamente). Avaliações semestrais de mortalidade, tempo de sobrevivência, quantidade de vírus presente nos formulados durante o armazenamento, porcentagem de atividade original remanescente (AOR) e de eficiência dos formulados, aplicados sobre folhas de milho como substrato alimentar, para o controle de S. frugiperda foram realizadas. No segundo estudo, todos os formulados mencionados no primeiro ensaio, mais uma suspensão viral preparada com o vírus não formulado (isolado 6 de SfMNPV semipurificado) foram expostos à radição UV (254 nm), por 30 minutos, logo após a aplicação sobre folhas de milho e ofertados para lagartas S. frugiperda de segundo instar (4 dias de idade). No terceiro estudo foram aplicadas suspensões virais do isolado 6 de SfMNPV semipurificado e também da formulação comercial (CartuchoVit®) com diferentes concentrações (2 x 105, 2 x 106 e 2 x 107 OB/mL) sobre os substratos alimentares (folhas de milho ou de mandioca) que, em seguida foram oferecidos às lagartas S. frugiperda de segundo instar. No primeiro ensaio constatou-se que logo após a fabricação, os formulados como PM causaram as maiores mortalidades (entre 93 e 98%), com destaque para a argila comercial, que é o inerte mais barato (R$ 0,01 por dose para um hectare), e à exceção do formulado comercial que também é um PM e causou 86% de mortalidade. Todavia, observou-se queda na virulência de todos os formulados, principalmente, após 12 meses de armazenamento. Considerando as variáveis mortalidade no tempo
x
0 (logo após a formulação), após o armazenamento por 6 e 12 meses, aplicando-se dose constante, ou ajustando-se à dose para a obtenção de uma suspensão viral contendo 2 x 106 OB/mL, a perda de vírus observada neste período, a atividade original remanescente (AOR) e a eficiência dos vírus durante o armazenamento, o formulado à base de caulinita foi o que apresentou o melhor desempenho, em relação aos demais formulados. No segundo ensaio todos os formulados causaram mortalidades semelhantes de lagartas S. frugiperda de segundo instar, na ausência de exposição à radiação UV, variando entre 80 e 97%. A exposição à radiação UV (254 nm) por 30 minutos reduziu a virulência em todos os tratamentos, mas a formulação do baculovírus ajudou a preservar a virulência, especialmente daqueles à base de argila e/ou coloral (urucum), que mantiveram as porcentagens de atividade original remanescente (AOR) variando de 67 a 70%, enquanto o vírus não formulado apresentou AOR de 5%. Os resultados do terceiro ensaio indicaram que a mortalidade foi maior quando as lagartas se alimentaram das folhas de mandioca tratadas com SfMNPV, considerando os substratos alimentares, folhas de mandioca e milho. Portanto, a caulinita é o material inerte mais recomendado para a produção em larga escala de um bioinseticida à base de SfMNPV, visando o seu armazenamento em temperatura ambiente e o tempo de armazenamento não deve ser superior a 6 meses nessas circunstâncias. Entretanto, a formulação de baculovírus com argila comercial (PM) também é uma alternativa viável para a produção em larga escala de SfMNPV, principalmente devido ao baixo custo e à maior proteção ao vírus contra os efeitos deletérios da radiação UV. Também, como não houve efeito prejudicial à virulência do vírus entomopatogênico com base no substrato alimentar, é possível utilizar SfMNPV como alternativa de manejo de S. frugiperda nas áreas que cultivam mandioca e estejam infestadas por essa espécie praga.
Palavras-chave: Baculovírus, Entomopatógeno, Fotoprotetores, Manihot esculenta, Patogenicidade, Spodoptera, Virulência

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