POTENCIAL DO BIOCARVÃO PRODUZIDO COM BAGAÇO DE MALTE COMO CONDICIONADOR DE SUBSTRATO NO CRESCIMENTO INICIAL DE MUDAS DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS

Nome: CAMILLA DE OLIVEIRA SOUZA

Data de publicação: 28/05/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CRISTIANE COELHO DE MOURA Examinador Externo
DEMETRIUS PROFETI Examinador Externo
ELZIMAR DE OLIVEIRA GONCALVES Coorientador
MARINA DONÁRIA CHAVES ARANTES Examinador Externo
RENATO RIBEIRO PASSOS Presidente

Páginas

Resumo: A degradação de solos, o aumento da temperatura do ar atmosférico e o surgimento de novas doenças pandêmicas são alguns dos problemas causados pela utilização indiscriminada dos recursos naturais. Neste cenário, diversas pesquisas estão sendo desenvolvidas a fim de atender as demandas da população de forma mais sustentável e minimizar os efeitos do aquecimento global. No setor florestal e agrícola, o uso do biocarvão surge como uma alternativa capaz de agregar valor aos resíduos sólidos e melhorar a qualidade do solo, estando as propriedades deste produto ligadas à sua composição química e estrutural, que são afetadas pelas condições de pirólise e pelas características da biomassa utilizada. Assim, o objetivo geral do presente estudo foi avaliar a temperatura de pirólise e a qualidade de biocarvões produzidos com bagaço de malte para fins de uso como componente de substrato na produção de mudas de espécies florestais nativas, bem como, avaliar sua influência nas propriedades do substrato e no crescimento inicial de mudas no viveiro. Para a produção do biocarvão foi utilizado bagaço de malte oriundo de uma microcervejaria artesanal localizada no município de Jerônimo Monteiro, Espírito Santo. Essa biomassa foi homogeneizada, seca em estufa e aclimatada para posterior análises físicas e químicas, por meio da umidade, densidade aparente, pH em água, teores de extrativos totais, ligninas e cinzas, química elementar, alcalinidade e elementos químicos disponíveis. Na produção do biocarvão foram testadas quatro diferentes temperaturas finais de pirólise (300, 400, 500 e 600 °C), no qual se avaliou a umidade, densidade aparente, pH em água, química elementar e imediata, grupos funcionais, microscopia, perda de massa, rendimentos em sólidos, alcalinidade, porosidade, superfície específica e elementos químicos disponíveis dos biocarvões gerados. Para avaliar a qualidade dos substratos, cinco doses de biocarvão produzidos com bagaço de malte à 400 ºC foram testadas nas formulações de substratos (S0: 100 % solo; S10: 90 % solo + 10 % biocarvão; S20: 80 % solo + 20 % biocarvão; S30: 70 % solo + 30 % biocarvão; S40: 60 % solo + 40 % biocarvão; % v/v), nos quais foram avaliadas as propriedades físicas e químicas por meio da umidade, porosidade, densidade aparente, capacidade de retenção de água, condutividade elétrica e pH em água. Para avaliar a influência do biocarvão na qualidade das mudas de ipê-amarelo (Handroanthus serratifolius), timbaúva (Enterolobium contortisiliquum) e guapuruvu (Schizolobium parahyba), diferentes doses de biocarvão produzido com bagaço de malte na temperatura de pirólise de 400 °C, foram testadas em cincos formulações de substratos (S0: 100 % solo + 6g L-1 fertilizante; S10: 90 % solo + 10 % biocarvão + 6g L-1 fertilizante; S20: 80 % solo + 20 % biocarvão + 6g L-1 fertilizante; S30: 70 % solo + 30 % biocarvão + 6g L-1 fertilizante; e S40: 60 % solo + 40 % biocarvão + 6g L-1 fertilizante) e dois volumes de tubetes (180 e 280 cm3). A produção das mudas ocorreu via semeadura direta em tubetes alocados no canteiro suspenso dentro da casa de sombra do viveiro. Aos 180 dias após a semeadura, o experimento foi encerrado, sendo avaliados nas mudas de ipê-amarelo os parâmetros fisiológicos, por meio da taxa de fotossíntese, condutância estomática, concentração interna de CO2, taxa de transpiração, eficiência instantânea do uso da água e eficiência instantânea de carboxilação, e nas mudas de ipê-amarelo, timbaúva e guapuruvu os parâmetros morfológicos, por meio da altura, diâmetro do coleto, índice de robustez, número de folíolos e foliólulos, área foliar, volume de raiz, massa seca da parte aérea, radicular e total e suas relações, e do Índice de Qualidade de Dickson. Ao final do experimento, concluiu-se que o bagaço de malte apresentou elevada umidade, mas possuiu características desejáveis para ser utilizado na produção de biocarvão, devendo ser previamente seco para atender os padrões do processo de pirólise; que a temperatura final de pirólise afetou de forma significativa as propriedades do biocarvão gerado, sendo recomendado a temperatura final de 400 ºC para a utilização na formulação de substratos; que presença de biocarvão afetou de forma significativa as propriedades dos substratos, sendo a melhor qualidade verificada na formulação S40; e que o volume do tubete afetou a qualidade das mudas de ipê-amarelo e guapuruvu e a adição de biocarvão afetou a qualidade das mudas de timbaúva, sendo recomendado utilizar o tubete de 280 cm3 e o substrato S40, respectivamente, para a produção de mudas com qualidade.

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