Caracterização agronômica, molecular e fitoquímica de espécies do gênero Passiflora

Nome: PAULA MAURI BERNARDES
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 22/02/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ADÉSIO FERREIRA Co-orientador
MARCIA FLORES DA SILVA FERREIRA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
RODRIGO SOBREIRA ALEXANDRE Suplente Externo

Páginas

Resumo: O gênero Passiflora é composto por 17 gêneros e 630 espécies aproximadamente, com potencial farmacológico, ornamental, industrial e alimentício. A cultura do maracujá vem ganhando mercado no setor da fruticultura, por apresentar rápida produção, retorno econômico e renda aos agricultores. Além das espécies cultivadas, existem as espécies silvestres, que vêm ganhando enfoque por possuir características desejáveis para programas de melhoramento. O conhecimento da diversidade genética entre as espécies de maracujá pode ser realizado de forma multidisciplinar envolvendo técnicas moleculares, agronômicas, citogenéticas, taxonômicas e químicas. Objetivou-se neste trabalho caracterizar as espécies silvestres e comerciais do gênero Passiflora utilizando caracteres agronômicos, moleculares e fitoquímicos, gerando informações que agreguem conhecimento e orientem estudos de melhoramento, conservação, identificação e utilização. Com relação ao desempenho vegetativo e reprodutivo das espécies, foram realizados dois experimentos em delineamento em blocos casualizados para 38 espécies, e foram avaliadas as características de crescimento vegetativo e físico-química dos frutos. Na análise de transferibilidade foi usado 44 microssatélites desenvolvidos para P. edulis e P. alata, em 26 espécies de Passiflora pertencentes a Mata Atlântica colhidas no Espírito Santo. Na análise de diversidade genética foram usados nove microssatélites em 150 indivíduos, e foi calculado os valores de PIC: conteúdo de informação polimórfico; H0: heterozigosidade observada; FM: frequência máxima; NA: número de alelo; %A: porcentagem de perda de alelos. Na caracterização fitoquímica foram utilizados extratos aquoso e clorofórmico de dez espécies de Passiflora e realizada ressonância magnética nuclear (RMN) usando o Espectro Bruker Avance III de 500 MHz. Para os testes macroscópicos e microscópicos foram colocadas para germinar 30 sementes de Lactuca sativa em contato com as infusões nas concentrações: C4: 100mg/mL; C3: 50 mg/mL-1; C2: 25 mg/mL-1; C1: 12,5 mg/mL-1, e como controle negativo (Co-) água destilada e controle positivo (Co+) o Picloram. O resultado demonstrou que o híbrido BRS gigante amarelo apresentou as maiores médias para diâmetro do ramo ortotrópico, largura da folha para os ramos ortotrópico e plagiotrópico e não diferiu estatisticamente de BRS Rubi do cerrado, BRS Pérola do cerrado e de P. alata para comprimento de entre nó. No experimento II as espécies não diferiram para as variáveis comprimento dos ramos ortotrópico e plagiotrópico; diâmetro do ramo ortotrópico e número de ramos plagiotrópicos. As espécies dentro e entre experimentos apresentaram similaridades no comportamento de crescimento acumulado, no período de florescimento e frutificação. Para as características de peso do fruto, peso da polpa e diâmetro transversal houve diferenças significativas entre as espécies, e não houve diferença entre as espécies para acidez titulável e vitamina C. O agrupamento formado pelos dados de transferibilidade para as 26 espécies permitiu a formação de grupos de acordo com as espécies pertencentes aos subgêneros. A árvore de regressão multivariada demonstrou que são necessários 14 loci microssatélites para identificar as 26 espécies do gênero. Os locus PE88, PA05 e PA08 foram os mais conservados para as espécies. Os valores médios de PIC variaram de 0.10 a 0.69; Ho: 0.12 a 0.73; FM: 0.39 a 0.89; NA: 1.33 a 7. A técnica de RMN permitiu identificar glicose, frutose, sacarose, sucarose, colina, alanina, glicina, triptofano, asparagina, treonina e compostos fenólicos para o extrato aquoso. No extrato clorofórmico verificou a presença de flavonoides, alcaloides, taninos, lactonas, saponinas, ácidos graxos e compostos do grupo aldeído. No teste macroscópico e microscópico as infusões causaram danos nas maiores concentrações para germinação, crescimento radicular e índice mitótico, quando comparados ao controle negativo. E, houve um aumento das alterações cromossômicas e nucleares nas maiores concentrações. Observou-se que as
espécies estudadas apresentam características químicas e físicas desejáveis para o mercado consumidor e estão de acordo com a legislação brasileira, e houve diversidade genética entre elas. Os dados de transferibilidade usando microssatélites permitiram separar as espécies de acordo com os subgêneros, isto demonstra a existência de marcadores conservados nas espécies de Passiflora. E, este marcador também permitiu verificar diversidade genética existente entre as espécies estudadas. O espectro do extrato aquoso demonstrou três regiões principais: açúcares, aminoácidos e dos compostos fenólicos. Os flavonóides e ácidos graxos foram encontrados em todas as espécies, e o alcalóide apenas em BRS gigante amarelo de acordo com os espectros do extrato clorofórmico. As infusões das dez espécies causaram efeitos fitotóxicos, citotóxicos e genotóxicos nas raízes de Lactuca sativa nas análises macro e microscópicas, sendo mais frequentes nas maiores concentrações. Essas alterações podem estar relacionadas com a presença de compostos fenólicos. Assim, conclui-se que as análises usadas permitiram diferenciar as espécies de acordo com as características agronômicas, moleculares e fitoquímicas. Isto permite que essas espécies possam ser usadas nas áreas de melhoramento vegetal, de conservação e na farmacêutica por conter compostos que possuem efeitos terapêuticos.

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