Biocarvões como condicionadores do solo e seus efeitos sobre o crescimento e a nutrição de Eucalyptus urograndis
Nome: DANILO ANDRADE SANTOS
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 30/04/2020
Orientador:
Nome |
Papel |
|---|---|
| FELIPE VAZ ANDRADE | Co-orientador |
| RENATO RIBEIRO PASSOS | Orientador |
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| DIEGO LANG BURAK | Examinador Interno |
| EDUARDO DE SÁ MENDONÇA | Suplente Interno |
| JÉFERSON LUIZ FERRARI | Examinador Externo |
| LORENA ABDALLA DE OLIVEIRA PRATA GUIMARÃES | Examinador Externo |
| OTACÍLIO JOSÉ PASSOS RANGEL | Examinador Externo |
Páginas
Resumo: O Estado do Espírito Santo possui, dentro de sua produção agrária, materiais que são gerados em grande volume e com potencial para serem utilizados para conversão energética e consequente produção de biocarvões para retornarem ao campo como condicionadores de solo. Nesta pesquisa são apresentados três estudos com o objetivo de
entender como biocarvões afetam a estrutura do solo, a disponibilidade de nutrientes e a nutrição e desenvolvimento de plantas de eucalipto. No primeiro capítulo, objetivou-se avaliar a disponibilidade de P e K em macro e microagregados do solo, formados a partir da adição de doses de biocarvões de diferentes granulometrias, obtidos em duas temperaturas de pirólise em amostras de um Latossolo Vermelho-Amarelo. O experimento foi conduzido em laboratório, sob delineamento em blocos casualizados em ambiente controlado com temperatura de ± 25ºC, durante um período de 119 dias. O ensaio experimental foi disposto em esquema fatorial (2 x 4 x 4) + 1, com três repetições e um tratamento adicional. Os fatores em estudo foram: biocarvões de palha de café produzidos a partir de duas temperaturas finais de pirólise, 350 e 600ºC; quatro doses de biocarvões, correspondentes a 10, 20, 40 e 80 t ha-1; quatro granulometrias de biocarvões (2,0-1,0 mm; 1,0-0,5 mm; 0,5-0,25 mm; 0,25-0 mm); e um tratamento adicional sem adição de biocarvões. No segundo capítulo, objetivou-se avaliar os efeitos na agregação
e estabilidade de agregados promovidos pela adição de doses crescentes de biocarvão de diferentes granulometrias, produzidos a partir de palha de café conilon, em um Latossolo Vermelho-Amarelo, após 119 dias de incubação, utilizando os agregados obtidos, após peneiramento via seca, no experimento do primeiro capítulo. Sendo assim, aos 119 dias de incubação foram avaliados os agregados em separações em via seca e em via úmida, e a partir dos dados alcançados em ambos os métodos de separação foram estudados os índices de agregação, diâmetro médio geométrico (DMG) e diâmetro médio ponderado (DMP), e também calculado o índice de estabilidade de agregados (IEA) para os macroagregados (>0,25 mm) obtidos por via seca e peneirados em via úmida. No último capítulo, objetivou-se avaliar o efeito da aplicação de doses de biocarvão de casca de eucalipto produzidos sob duas temperaturas de carbonização sobre os atributos químicos do solo, desenvolvimento inicial e nutrição de plantas de eucalipto. (Eucaliptus urograndis). Um ensaio de campo foi estabelecido com um esquema fatorial 2 x 5: duas temperaturas de pirólise (350 e 600 °C) cinco doses de biocarvão (0; 0,25; 0,5; 1 e 2%). Aos 365 dias, foram realizadas as seguintes análises químicas de solo: pH, Al, Ca, Mg, Na, K, H+Al, carbono orgânico total, nitrogênio total e estoques de COT e NT, em duas profundidades: 0-10 e 10-30 cm. Aos 180 e 365 dias após o plantio, foram obtidos dados biométricos de altura e diâmetro do caule das plantas, e aos 365 dias foram coletadas amostragem de folhas para análises de nutrientes foliares. No primeiro capítulo, verificou-se que biocarvões de palha de café conilon, independente da temperatura final de pirólise, dose e granulometria aumentam a disponibilidade de P e K em macro e microagregados do solo, chegando à ordem de 5 vezes os valores de K considerados adequados para a maioria das culturas, com a dose mais baixa de biocarvão. Para o P, a disponibilidade aumentou entre 100% e 600%. A maior disponibilidade de P em macroagregados foi verificada para tratamentos sob biocarvão de 600 ºC e a maior
disponibilidade de P para microagregados foi alcançada para tratamentos sob biocarvão de 350 ºC. Constatou-se que o K apresenta maior disponibilidade em ambos os agregados do solo, sob biocarvão de 600 ºC. A ação conjunta de granulometria e/ou efeitos em agregação, promovida pelos biocarvões, tende a desenvolver teores mais elevados de K em macroagregados, independente da temperatura em que os biocarvões foram produzidos. Biocarvões de 600 ºC e de maior granulometria proporcionam maiores teores de P disponível nos macroagregados, ao passo que biocarvões de menor granulometria, independente da temperatura de produção do biocarvão, promovem maior disponibilidade
de fósforo nos microagregados. No segundo capítulo, verificou-se que a temperatura de pirólise de 600 ºC promoveu maior agregação do solo (6 %), observado pelos maiores valores de DMG e DMP, em relação a 350 ºC, nos agregados separados por via seca. Contudo, por via úmida, não foram observadas diferenças entre temperaturas de pirólise
sobre a agregação. A agregação do solo tendeu a ser favorecida nos tratamentos que receberam biocarvões menores que 0,25 mm de 350 ºC, e de 0,25-0,5 mm de 600 ºC. A estabilidade dos macroagregados secos tende a ser perdida quando em presença de água pela dissolução de materiais, que agiam como cimentantes, que possivelmente tenham
sido precipitados nos agregados, obtidos por peneiramento via seca. A perda em estabilidade de macroagregados na presença de água se dá no sentido do aumento da temperatura e granulometria de biocarvões. No terceiro capítulo, verificou-se que os efeitos sobre os atributos químicos do solo em cultivo de eucalipto foram identificados
nos teores de nitrogênio total e estoque de nitrogênio, sem, contudo, apresentar um padrão de comportamento em função dos tratamentos estudados. O enriquecimento nutricional na cultura do eucalipto foi identificado para os teores N e K, em tratamentos sob biocarvões de 600 ºC, e efeito de redução dos teores de Zn em função do aumento das doses de biocarvões. Não foram observados efeitos significativos sobre a biometria das plantas de eucalipto. Os resultados obtidos, para a cultura e tratamentos testados, indicam a necessidade de um período experimental mais extenso para melhor avaliação dos efeitos sobre os atributos do solo e nutrição e desenvolvimento de plantas.
